sábado, 21 de dezembro de 2013

Nota de Unidade Vermelha sobre a ocupação na câmara de Ribeirão Preto (SP)

Um dia antes da ocupação que era marcada às 17h, nos foi passada a informação de que a Prefeita havia convocado todos os diretores e comissionados (cargos de confiança que ela usou inclusive em campanha de reeleição) a ocuparem todos os assentos da Plenária às 15h, assim, estaria lotada a Plenária, assim nós não poderíamos entrar, e a sessão ocorreria normalmente. Sabendo e acreditando nisso, nós nos adiantamos e chegamos, junto com todos os professores prejudicados, às 14h.


NO DIA DO ATO: 

Assim que chegamos lá, às 14h, a principal porta da Plenária estava fechada, e corria a informação de que as diretoras das escolas municipais (que estavam em horário de trabalho) e as comissionadas estavam entrando por uma porta dos fundos que dava acesso direto a Plenária.

Pouco depois, várias diretoras foram flagradas no prédio mesmo em horário de trabalho, foram fotografadas e processarão a prefeita por algo parecido com ‘desvio de função’.

Mas, quando se abriram as portas a Plenária, às 15h, pelo o que ficou parecendo, só havia a presença de 40 guardas municipais fazendo um cordão de isolamento entre a área dos vereadores e do auditório dentro da Plenária; mais quatros guardas dentro da área dos vereadores; e cerca de 10 policiais militares, um deles armado com uma escopeta cal.12, atrás da mesa diretora da casa. Entretanto, as comissionadas entraram junto conosco e sentaram de lados separados dentro da Plenária. 

DAS 15H ÀS 17H30: 

Entramos e desde já, começamos todos a articular as lógicas de ação. Uma vez articulado o método de ação, explicamos para os professores como atuaríamos e se todos concordavam: a resposta coletiva foi ‘concordo’, afinal, o projeto era institucional e antipopular, é nosso dever como populares. Após isso, foram avisadas do que precisariam fazer: irem todas para frente quando os vereadores entrassem. Neste meio tempo, as comissionadas e professoras com cargo de confiança sem concurso começaram a provocar as demais professoras do outro lado, o que gerou revolta na vanguarda, que acabou com a expulsão de algumas das parasitas.

Pouco antes das 17h30, chegou-nos a informação de que o vereador André Luiz da Silva (PCdoB) havia mandado dois ônibus buscar moradores do Simione (periferia de Ribeirão Preto), por meio de um pastor de confiança, para ir contra as massas, mas sem avisar aos moradores o que estava acontecendo de fato. Assim que as moradoras (mulheres em sua maioria) chegaram lá, não sabiam sequer o que estava sendo votado. Somente haviam instruído-as a entrar no ônibus para ir à Câmara.

Com muito diálogo, explicamos a elas o que estava acontecendo, que o projeto queria “colocar professores concursados no lugar de estagiários” e que era para o bem geral. Avisamos também que havia risco de conflito e que o vereador havia as colocado em fogo-cruzado, que seria melhor ir embora e etc., mas mesmo assim algumas discursavam: “O que o [pastor] decidir, eu decido!”. 

ÀS 18H EM DIANTE: 

Assim que o presidente da casa, Cícero Gomes entrou na Plenária, todos os professores foram para frente junto com a vanguarda, já cientes do que seria usado para encerrarmos a sessão. O presidente se sentou, alguns outros vereadores entraram, quando começou o plano de ação: ovos normais e adulterados com farinha de trigo e talco foram arremessados, uma bomba de fumaça vermelha foi atirada e todos os vereadores foram embora da Plenária para a sala que fica ao lado. Enquanto isso, na Plenária, começa o semiconfronto entre os manifestantes com o cordão de isolamento da GM com o objetivo de invadirmos, algumas pequenas agressões aconteceram de ambos os lados, mas o plano de invadir não teve êxito. Naquele momento, a PM se arma com escudos e a escopeta passa a ser apontada aos manifestantes, mas graças à união das massas com a vanguarda nenhuma ação foi tomada.

Para pressionar ainda mais os vereadores e amedrontá-los, bombas tradicionais foram arremessadas na área dos vereadores e duas explodiram, colocando todos em extrema tensão.

Neste momento, nos veio a informação de que os vereadores queriam negociar conosco para ocuparmos a Plenária de forma pacífica (os mesmos vereadores que começaram a votação do mesmo projeto mesmo com os professores implorando pelo cancelamento da sessão, na terça-feira). Nada foi feito e continuamos pressionando.

Pouco depois, foi enviada a proposta aos professores: ‘ao invés de um ano, prorrogar a contratação de estagiários por mais 6 meses e ir demitindo-os gradativamente, colocando os concursados no lugar’, mas a proposta não foi aceita pelas massas!

Neste momento onde o povo colocou os parasitas na parede, na plenária, entraram os vereadores de oposição da base governista e declarou que não haveria sessão neste dia!

Depois de tanta pressão, decidimos ficar até acabar o prazo de votarem no dia e voltar no dia de uma possível votação do mesmo projeto.

Na retirada, os combatentes e militantes da Unidade Vermelha foram cumprimentados por várias professoras, que agradeceram nossa ação conjunta com outros movimentos. 

NO DIA SEGUINTE: 

A prefeita da cidade mandou retirar o projeto da pauta à Câmara Municipal.

Portanto, segundo o presidente da casa, não haverá mais formas de votar o projeto neste ano, uma vez que a última ordinária se foi.

Hoje mesmo, a prefeita disse que não dá para abrir novas vagas concursadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal e as aulas serão afetadas... O que é um argumento esférico. Está claro que para contratar os professores concursados, basta demitir os comissionados (que são cabides eleitorais dela), segundo o art. 169 (inciso I do parágrafo 3º) presente na constituição: “Redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança”.

Para nós, foi mais uma aula do quão é necessária para a vitória do povo: a boa relação de vanguarda revolucionária com as massas. E graças a isso, podemos dizer: Vitória do povo de Ribeirão Preto!

À Unidade!